terça-feira, 5 de julho de 2016

Estresse no ambiente de trabalho cobra preço alto de indivíduos, empregadores e sociedade

O impacto do estresse no trabalho na saúde e produtividade dos profissionais, além de medidas para reduzir o problema, foi o foco de webconferência promovida pela Organização Pan-Americana de Saúde/Organização Mundial de Saúde (OPAS/OMS), Organização Internacional do Trabalho (OIT) e Organização dos Estados Americanos (OEA) no marco do Dia Mundial da Saúde e Segurança no Trabalho, comemorado em 28 de abril.

"Nenhum de nós está livre de estresse no trabalho", disse Francisco Becerra, diretor assistente da OPAS/OMS em Washington na abertura do webconferência. "O mundo do trabalho atual - dados os desafios do progresso industrial, globalização, desenvolvimento tecnológico e comunicação virtual - nos impõe condições que excedem os limites de nossas habilidades e capacidades. O resultado é o estresse no ambiente de trabalho, que pode causar disfunções físicas, psicológicas e até sociais que prejudicam nossa saúde, minam nossa produtividade e podem afetar até nossas famílias e círculos sociais".

"Estresse no trabalho: um desafio coletivo" foi o tema do Dia Mundial da Saúde e Segurança no Trabalho deste ano e o título de um novo relatório da Organização Internacional do Trabalho. O estudo observa que dados globais sobre a prevalência e o impacto do estresse no local de trabalho não estão disponíveis. Entretanto, estudos das Américas e outras regiões indicam que se trata de um problema relevante. Em pesquisa realizada em 2012 sobre as condições de saúde e trabalho na América Central, por exemplo, mais de 10% dos entrevistados relataram se sentir constantemente pressionados e estressados no trabalho, tristes ou deprimidos, com problemas de insônia devido às preocupações sobre suas condições de trabalho.

Da mesma forma, pesquisa argentina de 2009 mostrou que 26,7% dos profissionais relataram estresse mental relacionado às cargas excessivas de trabalho. No Brasil, um estudo sobre afastamento devido a acidentes e doenças ocupacionais descobriu que 14% dos benefícios anuais de saúde foram relacionados a transtornos mentais. Por último, pesquisa de 2011 feita pelo Chile revelou que 27,9¨% dos trabalhadores e 13,8% dos empregadores relataram casos de estresse e depressão em suas empresas.

Riscos psicossociais
As causas mais comuns de estresse no trabalho são riscos psicossociais relacionados à organização do trabalho, projetos de trabalho, trabalho e suas condições, bem como as condições externas que podem influenciar o desempenho do trabalhador, satisfação na ocupação e saúde.

Embora o impacto do estresse no local de trabalho varie de um indivíduo para o outro, ele é conhecido por trazer consequências para a saúde que variam de transtornos mentais a doenças cardiovasculares, músculo esqueléticas e reprodutivas.  O estresse no trabalho também pode levar a problemas comportamentais, incluindo abuso de álcool e drogas, aumento do tabagismo e distúrbios do sono.

"Todos esses problemas são associados à falta de motivação, satisfação, comprometimento e desempenho no trabalho, também às faltas e rotatividade de funcionários e aposentadoria antecipada - tudo isso pode levar à diminuição da produtividade, competitividade e arranhar a reputação das organizações", afirmou Julietta Rodriguez, da área de saúde do trabalho da OPAS/OMS.

Em busca de soluções
A OIT e a OMS emitiram diretrizes e recomendações para sanar estes problemas, entre elas a promoção do empoderamento do trabalhador, participação e satisfação, assim como a adoção do conceito da OIT de "trabalho decente", cujos elementos incluem emprego justo, respeito pelos direitos humanos, regras laborais, proteção ao meio ambiente, transparência e diálogo social. A OIT também recomenda que os países incluam em suas listas de doenças ocupacionais o estresse e os transtornos mentais, garantindo assim que esses possam ser identificados, quantificados e posteriormente tratados.

Por sua vez, a OPAS/OMS também emitiu recomendações, orientações e intervenções para a prevenção de problemas de saúde mental devido a riscos psicossociais e publicou a série "Protecting workers` health", que promove medidas e políticas para minimizar a exposição a esses problemas. De acordo com as recomendações da OMS, a política de trabalho apropriada deve ser baseada nos seguintes princípios éticos:

- Cobrir todas as exposições perigosas dentro do ambiente de trabalho
- Aplicar normas de bom comportamento, atenção e responsabilidade
- Incluir abordagens que impeçam comportamentos antiéticos, agindo sobre eles, caso ocorram
- Promover a responsabilidade e prestação de contas de todos no local de trabalho

"A carga de estresse no trabalho e os transtornos mentais dentro desse ambiente sinalizam para a necessidade urgente que criar e promover locais de trabalho saudáveis em que a saúde física, segurança e bem estar são protegidos, não prejudicados", alegou Kira Fortune, chefe do programa Desenvolvimento Sustentável e Igualdade na Saúde, da OPAS/OMS.

Fonte: http://www.protecao.com.br/noticias/doencas_ocupacionais/estresse_no_ambiente_de_trabalho_cobra_preco_alto_de_individuos,_empregadores_e_sociedade/JyyAJyjaJy/10141

Brasil terá guia oficial para elaboração e revisão de NRs

Brasília/DF - O Ministério do Trabalho realizou, nesta quinta-feira (30), o Seminário Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho, Normatização em Saúde e Segurança. O encontro teve como objetivo definir diretrizes para a elaboração e revisão das Normas Regulamentadoras nestas duas áreas. As ações são previstas em acordo bilateral firmado entre Brasil e União Europeia e desenvolvidas no âmbito do Projeto Diálogos Setoriais.
"Traçamos um paralelo entre a normatização na Europa e no Brasil. O próximo passo é harmonizar as orientações técnicas e jurídicas que irão nortear a elaboração e revisão da legislação", explicou Alexandre Scarpelli, coordenador de Sistematização e Registros da Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT).

"Traçamos um paralelo entre a normatização na Europa e no Brasil. O próximo passo é harmonizar as orientações técnicas e jurídicas que irão nortear a elaboração e revisão da legislação", explicou Alexandre Scarpelli, coordenador de Sistematização e Registros da Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT).

Uma das ações definidas é a publicação, pelos ministérios do Trabalho e do Planejamento, do Guia Oficial de Elaboração e Revisão de Normas Regulamentadoras em Segurança e Saúde, prevista para o segundo semestre. Scarpelli destacou que o objetivo é tornar mais claras e concisas as normas regulamentadoras no Brasil. A publicação será direcionada para auditores fiscais do Trabalho, pesquisadores da Fundacentro e às bancadas de trabalhadores e empregadores que participam do debate tripartite sobre segurança e saúde no trabalho.

Cooperação- A cooperação bilateral entre Brasil e União Europeia já resultou na aprovação, pelo Ministério do Trabalho, de quatro projetos de segurança e saúde no trabalho, entre eles gestão de riscos no uso de máquinas e equipamentos; revisão de normas para a construção civil; revisão de segurança no trabalho em altura; e apreciação de riscos em máquinas. "Já existem resultados na capacitação dos nossos auditores, que têm elevada preparação técnica, repercutindo na eficácia da fiscalização do trabalho no Brasil", destacou a secretária de Inspeção do Trabalho, Maria Teresa Pacheco Jensen.

O diretor nacional do Projeto Diálogos Setoriais, Marcelo Mendes Barbosa, do Ministério do Planejamento, lembrou que os editais da Oitava Convocatória do Acordo Bilateral Brasil e União Europeia já permitiram a realização de 71 ações em 29 órgãos federais do Brasil e 21 representações europeias. Também participaram do seminário o chefe da Assessoria Internacional do Ministério do Trabalho, Ney Canani, e o secretário de Assuntos Comerciais da Delegação da União Europeia no Brasil, Adam Wisniewski.

Ministro defende revisão da NR 12 sobre a saúde do trabalhador

Brasília/DF - O ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Pereira, defendeu hoje (30) uma revisão da Norma Reguladora 12 (NR-12), que trata de medidas de proteção à saúde e integridade física dos trabalhadores e estabelece requisitos mínimos para prevenção de acidentes e doenças de trabalho.

"Estamos unidos no propósito de o Brasil sair rapidamente da crise econômica e voltar a crescer", disse o ministro durante encontro, no Palácio do Planalto, entre autoridades governamentais e cerca de 500 empresários ligados à Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB).
Pereira afirmou que algumas das mudanças estruturais possíveis dependem exclusivamente da boa vontade do Poder Executivo e que rever certas obrigações acessórias é o caminho mais rápido para que os resultados sejam sentidos pelos brasileiros. Outras mudanças, no entanto, disse ele, precisam passar pelo Congresso Nacional, como a flexibilização dos meios de pagamentos e a alteração do Simples Nacional. "Mas, de qualquer forma, vamos dialogar e construir um consenso a quantas mãos forem necessárias", acrescentou o ministro.

Uma das mudanças defendidas pelo ministro é a revisão da NR-12, que define referências técnicas, princípios fundamentais e medidas de proteção à saúde e à integridade física dos trabalhadores e  estabelece requisitos mínimos para prevenir acidentes e doenças do trabalho, o que inclui a operação máquinas e equipamentos. "Vamos rediscutir a NR -12, a real aplicabilidade dessa norma, que é uma anomalia que só existe no Brasil", enfatizou Pereira.

Para o ministro, o atual governo já está tendo sucesso no desafio de conquistar a confiança dos empresários. "A equipe econômica escolhida tem demonstrado que os empresários brasileiros podem voltar a confiar no país", disse Pereira. "Já sentimos a confiança brotar no setor produtivo e na sociedade como um todo, em cada ponto deste país. Estamos trabalhando para, em um curto espaço de tempo, fazer o que não foi feito nos últimos anos. Nesse aspecto, a participação dos empresários é essencial", afirmou.

Trabalhadores afastados
Na cerimônia, o ministro interino do Planejamento, Orçamento e Gestão, Dyogo Oliveira, falou sobre a situação dos servidores afastados pelo INSS, que representam um gasto de R$23 bilhões a cada ano com auxílio-doença, sendo R$13 bilhões só com pessoas que estão fora do trabalho há mais de dois  anos.

"O que faremos é organizar o sistema de perícias médicas para ver se as pessoas devem continuar recebendo o beneficio. Isso porque [no nosso entender] há falta de averiguação de sua condição. Não é tirar direito, mas verificar se essa despesa está efetivamente adequada à legislação e se está alinhada com a redução de gastos. Estamos analisando profunda e detalhadamente [a questão] para verificar a adequação dos volumes empreendidos e a adequada aplicação de recursos. O auxílio-doença é o primeiro produto", disse Dyogo Oliveira.

Segundo o ministro, não há necessidade de as pessoas procurarem agora o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). "As pessoas serão comunicadas adequadamente para agendar as perícias. É um projeto que está sendo preparado e que, oportunamente, será comunicado à população", acrescentou.