De cada dez obras da construção civil no Estado, sete oferecem algum tipo de risco aos operários. A estimativa é do vice-coordenador nacional da Defesa do Meio Ambiente do Trabalho, Everson Rossi. A falta de segurança é refletida em tragédias. Pelo menos um trabalhador morre nos canteiros de obras de Minas por semana. No ano passado, 48 acidentes terminaram em óbitos no Estado, sendo 21 na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).
A fiscalização falha e o descumprimento das regras básicas de segurança são as principais causas de acidentes, e os números podem ser bem piores. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção de BH (Marreta), Osmir Venuto, alerta que os operários levados ao hospital, mas que não sobrevivem, ficam fora das estatísticas.
O presidente do sindicato afirma que os ferimentos vão de esmagamentos à perda de membros. “As construtoras falam que o trabalhador não usou o Equipamento de Proteção Individual (EPI), quando na verdade nem o forneceram. Se o operário não usar, pode até ser demitido por justa causa”, diz.
Dados do Marreta mostram que, em 2010, houve 5,5 mil acidentes envolvendo trabalhadores da construção civil na RMBH. Naquele ano, foram registrados 56 óbitos em Minas, sendo 26 na região metropolitana. Somadas todas as profissões, houve 343 mortes no Brasil, em 2010. Só a construção civil em Minas responde por 16% dos óbitos no país.
O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Luiz Fernando Pires, reconhece os “deslizes” de algumas empresas quanto à segurança. Ele diz que a questão avançou, mas que ainda falta conscientização, principalmente em obras pequenas. “As construções menores são pouco fiscalizadas e por isso relaxam. Muitas vezes, o operário não usa o EPI. Orientamos as construtoras e até premiamos aquelas que conseguem reduzir as ocorrências”.
Na profissão há 33 anos, o carpinteiro João Joaquim Siqueira, de 60, confirma que muitos operários não usam os EPIs, apesar da orientação dos patrões. Ele mesmo não gosta do cinto de segurança. “Incomoda muito, mas eu uso”.
Vítima de um acidente de trabalho há dois anos, Paulo César Vieira de Faria, de 32, hoje luta para se reabilitar de uma queda de 110 metros de altura quando desmontava uma grua, em Nova Lima. Com dificuldades de locomoção e fala, o ex-operário reclama que a empresa em que ele trabalhava prestou assistência apenas por alguns meses. “Sempre usava os equipamentos de segurança, mas um parafuso se soltou e eu caí”. Dois amigos de Paulo morreram na queda.
O procurador do Ministério Público do Trabalho Everson Rossi considera os números preocupantes. Ele diz que mesmo as grandes obras não oferecem a proteção ideal. “A construção civil cresceu, mas há um número reduzido de fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e do MPT. A empresa tem que fornecer o EPI e treinar o trabalhador. Se ele não usar o equipamento, a responsabilidade continua sendo do patrão”. As obras que não oferecem segurança para os operários estão sujeitas a multas e até a embargos.
Fonte: http://www.hojeemdia.com.br
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